Paul Farrell, de 32 anos, caiu cerca de 200 metros durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, o mesmo local onde a brasileira Juliana Marins morreu na última semana. O acidente aconteceu em outubro de 2023, quando ele fazia o passeio com um grupo de turistas.
Na ocasião, Farrell acordou de madrugada no acampamento-base para iniciar a subida. Ele afirmou que o início do percurso foi difícil por conta do terreno. “O chão ali é diferente, do tipo que você parece dar um passo pra frente e dois para trás. Pelo fato de estarmos num vulcão, o terreno é arenoso e você pode afundar os pés”, disse em entrevista à BBC News Brasil.
Durante a descida, ele retirou os tênis para tirar pedrinhas acumuladas. Ao fazer isso, uma rajada de vento levou as luvas que usava. “Nessa hora, eu ajoelhei. E o chão onde eu pisava simplesmente desabou”, contou.
Farrell relatou que entrou em estado de alerta e tentou desacelerar a queda se agarrando ao que encontrava. “Eu tentava enfiar minhas unhas, minhas mãos, em qualquer coisa, apenas para desacelerar. Até que vislumbrei uma grande rocha, quase um rochedo, e tentei desviar meu caminho naquela direção”. Ele conseguiu interromper a queda ao se chocar contra a pedra: “Mesmo assim, eu não estava em segurança. Naquele lugar, você pode escorregar a qualquer momento”.
Segundo ele, apenas uma mulher francesa estava próxima no momento do acidente e presenciou a queda. “Eu gritei com toda a força dos meus pulmões para que ela encontrasse o restante da equipe e buscasse ajuda. Então ela correu de volta ao acampamento-base e avisou as pessoas”, relembrou.
Farrell estimou que permaneceu cerca de cinco a seis horas na encosta até a chegada da equipe de resgate. “Foi obviamente muito assustador. Eu rezava a Deus para sair dali vivo, ou com apenas alguns ossos quebrados. Pra ser sincero, eu aceitaria quebrar um braço, uma perna, ou todos os meus ossos para deixar aquela situação. Se eu precisasse fazer um pacto com Deus ou com o Diabo para sair dali com vida, eu faria”, afirmou.
De acordo com ele, os socorristas que o resgataram estavam na região para remover o corpo de outra vítima de acidente. “Estava muito grato e cheio de energia”, relatou.
Farrell comentou a morte da brasileira Juliana Marins, que morreu após permanecer 4 dias caída no vulcão, e sugeriu medidas de segurança. “Em primeiro lugar, gostaria de lamentar a morte da Juliana e prestar minha solidariedade à família dela neste momento. De repente eles poderiam subir a taxa cobrada para visitar o local e garantir que cada grupo tenha pelo menos dois guias, para que um deles permaneça na retaguarda e possa oferecer algum tipo de suporte para as pessoas que sentem algum mal-estar e ficam para trás, como parece ter sido o caso de Juliana”, disse.
++ Escova pega fogo e cabelo de Mayara Santana entra em chamas nos bastidores de show
Ao ser questionado se faria a trilha novamente, respondeu que sim. “Sem dúvidas. Eu seria mais cauteloso numa segunda vez, mas subir montanhas é algo que quero fazer pelo resto de minha vida, até quando for capaz”, declarou.
Ele afirmou que o acidente mudou sua perspectiva sobre a vida: “É muito raro que pessoas sobrevivam a acidentes como este, infelizmente. Mas quando você se vê vivo depois de passar por isso, começa a pensar no que é realmente importante”. Farrell concedeu a entrevista à BBC News Brasil direto de um retiro de yoga e meditação na Índia. “Desde que sofri o acidente, minha conexão com Deus está muito melhor. Agora tento viver a vida de um jeito mais alinhado aos valores que realmente são centrais para mim”, finalizou.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, no Twitter e também no Instagram para mais notícias do 111Next.