
Deputado Eduardo Bolsonaro mantém atividades remotas nos EUA enquanto gabinete segue operando no Brasil. (Foto: Instagram)
Desde o final de fevereiro, quando viajou aos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já acumula cerca de R$ 1 milhão em despesas com salários de servidores de seu gabinete. Mesmo ausente do país, os gastos mensais se mantêm próximos ao teto permitido de R$ 133 mil, conforme dados divulgados pela Câmara dos Deputados.
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O gabinete do deputado conta atualmente com nove funcionários, com remunerações que variam entre R$ 7,5 mil e R$ 23,7 mil. Entre os nomes de maior confiança estão Eduardo Nonato de Oliveira e Telmo Broetto, ex-agente da Abin e ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. O filho de Telmo, Bernardo Broetto, também foi contratado, apesar de ser veterinário e atuar na mesma função administrativa.
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Durante sua estadia nos EUA, Eduardo Bolsonaro tem buscado apoio do governo do presidente Donald Trump em ações contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo brasileiro. Em 20 de março, ele solicitou licença não remunerada de 120 dias, mas ainda assim recebeu R$ 46 mil. Após o retorno, em julho, voltou a receber salário da Câmara, no valor de R$ 17 mil.
Em agosto, o deputado foi multado em R$ 13,9 mil por faltas não justificadas e teve seu nome incluído na Dívida Ativa da União, por decisão da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Até o momento, acumula 46 ausências sem justificativa, o que pode levar à perda de mandato, caso atinja um terço das sessões. Uma tentativa do PL de nomeá-lo líder da minoria, o que evitaria o registro das faltas, foi negada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Apesar do funcionamento do gabinete, a produção legislativa de Eduardo tem sido mínima. Em 2023, ele participou de apenas 11 votações nominais e fez um único discurso no plenário. Em setembro, alegou dificuldades técnicas para registrar presença virtual nas sessões. A reportagem questionou o gabinete sobre as atividades dos servidores, mas não obteve resposta.
Nas redes sociais, Eduardo mantém-se ativo. Recentemente, declarou que a decisão dos EUA de reduzir tarifas sobre produtos brasileiros não teve relação com ações do Itamaraty, e sim com interesses internos da administração Trump, diante da alta da inflação no país. Durante sua licença, o deputado Missionário José Olímpio (PL) ocupou sua vaga, com atuação discreta e estrutura enxuta.

