Uma testemunha afirmou que Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha e filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria recebido pagamentos mensais do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. Segundo o relato, os valores foram transferidos por meio de uma empresa de cannabis medicinal com atuação em Portugal.
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A World Cannabis, sediada em Brasília e pertencente ao lobista e seu filho, teria sido usada como canal para os repasses. O lobista está preso desde setembro, acusado de intermediar propinas de associações de aposentados para dirigentes do INSS, em um esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
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Edson Claro, ex-funcionário da World Cannabis em São Paulo, foi quem denunciou os repasses à Polícia Federal. Ele afirma ter sido ameaçado de morte por Antunes e estima que R$ 25 milhões teriam sido pagos a Lulinha, além de uma mesada de R$ 300 mil. Apesar das acusações, Claro declarou que não possui provas materiais dos pagamentos.
Nos depoimentos, Claro disse que nunca teve contato direto com Lulinha, mas se relacionou com Roberta Luchsinger, herdeira de um banqueiro suíço e ligada ao PT. Ela teria atuado como ponte entre o lobista e o filho do presidente, além de receber presentes de Antunes, como roupas para animais de estimação.
O relato de Claro chegou à CPMI do INSS. Ele se reuniu com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da comissão, e com o senador Carlos Vianna (Podemos-MG), presidente da CPMI. Segundo apurações, Claro pediu demissão da empresa após a deflagração da Operação Sem Desconto, da PF, e tentou reaver bens com Antunes em encontros posteriores.
Lulinha, que atualmente vive em Madri, na Espanha, ainda não se pronunciou sobre o caso. A reportagem procurou Claro, que preferiu não comentar.
Na última quinta-feira (4/12), a CPMI rejeitou convocar Lulinha para depor. A proposta foi derrubada por 19 votos a 12. O pedido partiu de parlamentares do partido Novo, que alegam ligação entre operadores do esquema do INSS e o filho do presidente. Um dos indícios citados envolve Ricardo Bimbo, dirigente do PT, que teria transferido mais de R$ 8,4 milhões de uma empresa suspeita e, no mesmo período, pagou um boleto do contador de Lulinha.

